O motociclista e o vento patagônico (de Aderbal)
O cenário patagônico se compõe de elementos, onde o motociclista e vento
São partes da mesma paisagem
Nos confins da patagônia, em algum trecho de ruta
É travada uma luta de destemida bravura
Eu e minha motocicleta, perfeito conjunto de cela,
Contra o vento andino, que atravessa o destino de quem por lá se aventura
Numa reta, que nem olhando se delimita
O vento espreita quem facilita, e surge de supetão
Na moto, empunho firme os manetes, e assim como um ginete
Sigo num corcoveado, me defendendo do chão
Depois toca a faixa central, e a moto segue num zigue-zague bem feio
Recolho uma marcha pra reforçar a tração, recupero minha via de mão
E me reposiciono pra um novo gineteio
Numa curva à direita, donde o vento sopra mais forte
Invoco um reforço de sorte e cravo as unhas no guidão
A pista se transforma num ringue, e manejando como estilingue
Sigo num cai-não-cai até retomar a direção
Não se chega a Ushuaia sem passar pelo vento, e a conquista desse evento
Requer, ao menos, paciência e coragemO cenário patagônico se compõe de elementos, onde o motociclista e vento
São partes da mesma paisagem