segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A viagem contada em versos

O motociclista e o vento patagônico (de Aderbal)

Nos confins da patagônia, em algum trecho de ruta
É travada uma luta de destemida bravura
Eu e minha motocicleta, perfeito conjunto de cela,
Contra o vento andino, que atravessa o destino de quem por lá se aventura

Numa reta, que nem olhando se delimita
O vento espreita quem facilita, e surge de supetão
Na moto, empunho firme os manetes, e assim como um ginete
Sigo num corcoveado, me defendendo do chão

Uma rajada e o rodado dianteiro sai pra direita e belisca a faixa lateral
Depois toca a faixa central, e a moto segue num zigue-zague bem feio
Recolho uma marcha pra reforçar a tração, recupero minha via de mão
E me reposiciono pra um novo gineteio
Numa curva à direita, donde o vento sopra mais forte
Invoco um reforço de sorte e cravo as unhas no guidão
A pista se transforma num ringue, e manejando como estilingue
Sigo num cai-não-cai até retomar a direção

Não se chega a Ushuaia sem passar pelo vento, e a conquista desse evento
Requer, ao menos, paciência e coragem
O cenário patagônico se compõe de elementos, onde o motociclista e vento
São partes da mesma paisagem

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

25º Dia - Uruguaiana - Chapecó - 700 km, em fim em casa








Acordamos as 7 da matina, arrumamos as malas nas motos, tomamos até que emfin um cafézasso no hotel Uruguai River e rumamos para casa. Paramos em São Borja para reabaster as motos e os pilotos, quando presenciamos a queda de um motociclista que ao estacionar sua Honda Hornet a derrubou. Detalhe: estava com uma mochila nas costas e outra na frente, mais o capacete na mão. Seguimos em direção ao Ijui e fizemos a última abastecida da viagem e por surpresa o único posto durante a viagem que o frentista usava uma flanela (pano de mão) para evitar que derramasse gasolina no tanque. Queremos aqui abrir um parenteses para dizer que foram mais de 60 abastecimentos, sem contar as visitas aos postos que não tinham combustível. Passamos 10 vezes as fronteiras dos paises visitados (Uruguai, Argentina e Chile). Enfim, depois de 25 dias e percorridos 12.278 km medidos pela moto do Guiomar - Micka e alguns a mais na moto do Aderbal chegamos em Chapecó-SC as 20 horas. Faltou talvez falarmos um pouco das motos, pois as únicas coisas que consumiram, foi óleo no motor e na corrente e combustivel no tanque. Vejam algumas fotos-detalhes das guerreiras, importante destacar que não tivemos nenhum pneu furado, e por falar em pneu o que usamos foi o Michelin Sirac que teve um desgaste maior na Falcon. Na chegada fomos recepcionados pelos familiares e amigos na casa do Guiomar com direito a faixa e estouro de champagne.


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

24º Dia - Zarate - Uruguaiana - 685 km



Hoje pulamos da cama em horário record, as 6 horas. Queríamos sair cedo para evitar a polícia rodoviária “caminera” corrupta, que por essa região são estrategistas em armar barreira para espoliar os motoristas e pilotos. Fomos bem sucedidos, pois passamos em dois pontos quando eles já carregavam os cones pra meio da rodovia. 10 da manhã fizemos os trâmites da Argentina para o Uruguai. Em solo Uruguaio tudo transcorreu normalmente como esperávamos, um verdadeiro passeio, uma calmaria, pouco movimento. As 19 horas concluímos a última burocracia aduaneira da viagem. Entregamos o papel migratório na aduana uruguaia e entramos no garrão brasileiro. As 20:30 horas nos acomodados no hotel River, em Uruguaiana.

23º Dia - Medanos - Zarate - 803 km





Da pousada em Medanos, saímos 8 horas em direção a Santa Rosa. Direção esta que foi alterada, pois veio chuva e com ela o vento lateral, agravado pelo spray causados no encontro/passagem com as carretas. Então nos dirigimos pela região da Serra de la Ventana. E é bom que se diga, que ventana ficaria muito mais bonita com uma cortina, que diga a dona Clarice. Adiante percebemos que o tempo se preparava para um dilúvio. Traçavamos o percurso de maneira a evitar a chuva. De repente entramos na linha do vendaval que trazia a chuva. Foi um apuro manter as motos na vertical. Isso, por uns 10 quilômetros. Depois nos distanciamos da chuva, que foi nos alcançar em Zarate, no início da noite, quando já estávamos acolhidos no hotel.

22º Dia - Puerto Madryn - Medanos - 644 km

Saltamos da cama no dormidor de Puerto Madryn, e saímos em busca de abastecimento (tava difícil), e seguimos ao norte. Sempre de olho nos mapas, conversamos e decidimos ir por Santa Rosa. Mas depois de alguns quilômetros, começamos a verificar que o pneu traseiro da Falcon apresentava desgaste. Então, mudamos o trajeto em direção à Bahia Blanca, para fazer aquisição da “cobierta” (apelido dos pneus na argentina). Mais adiante, mudamos de ideia. Fizemos nova consulta ao pneu, e decidimos que suportaria um pouco mais.
Nos hospedamos em Medanos, numa pousada muito charmosa. O Guiomar para foi ao supermercado comprar a janta e telefonar para casa. Mas esqueceu do controle do alarme da moto no hotel, adivinhe? Voltou a pé para o hotel, pois sem o controle a moto fez um gritedo e não funcionou.

21º Dia - Tres Cerros - Puerto Madryn - 737 km




Dormimos mal em Tres Cerros. Pegamos o último apartamento de frente para a rodoviária e com as janelas abertas. Abertas, para vigiar as motos com as bagagens que permaneceram montadas. O trajeto foi tranquilo, porém com muita chuva a partir de Caleta Olívia até próximo a Trelew. chegamos em Puerto Madryn e pegamos o primeiro alojamento que encontramos. Fizemos um mini-rancho no Carrefour, localizado em frente. O Aderbal cozinhou macarrão com espinafre, uma delicia. Detalhe, quando abrimos a porta do alojamento entrou uma ave, que a proprietária do estabelecimento disse para trazer “suerte” e nos falou que nome da galinhazinha era “martineta”. A pegamos e soltamos no quintal do vizinho, porque o Aderbal queria por na bagagem, para galinhada adiante.

20º Dia - El Calafate - Tres Cerros - 746 km


Saímos de El Calafate com a terceira meta realizada, visitar o glacial. A partir de El Calafate, iniciariamos o retorno. Nos municiamos com 13 litros de gasolina reserva, visto que não havia garantia de abastecimento nos próximos 300 km. Como estávamos descansados, queríamos rodar o máximo possível. No inicio, com vento favorável, mais tarde, lateral. Aos poucos nos acostumamos com ele. Por surpresa, no caminho um guanaco, que desceu o morro, pulou o guardrail (protetor de pista) e veio em direção do Aderbal que freou a tempo. Nesse trajeto passamos por Esperança uma vila com um restaurante e um posto de combustível que nesse dia possuía combustível. Ali encontramos um grupo de brasileiros, paranaenses e catarinenses numa excursão, que nos interrogaram, curiosos em saber por onde andamos.